ABALAR. ESTREMECER. ATINGIR. DESORGANIZAR. DESESTRUTURAR. PERTURBAR. ALTERAR. DESARRANJAR. DESORDENAR. DESEQUILIBRAR.

 

ABALAR. ESTREMECER. ATINGIR. DESORGANIZAR. DESESTRUTURAR. PERTURBAR. ALTERAR. DESARRANJAR. DESORDENAR. DESEQUILIBRAR.

 

Por Alessandra Leles Rocha

 

Não há coincidência. Desestabilizar é a palavra de ordem da ultradireita ao redor do mundo. Sim, ela quer se reafirmar no cenário geopolítico pela beligerância desrespeitosa e virulenta.  

Olhando à primeira vista, nada dialoga com nada. Mas, um pouco de atenção, para perceber que os focos de tensão e instabilidade se conectam em nome de um mesmo objetivo.

Há um projeto de lei, na Câmara dos Deputados, que pode aumentar a circulação de opioides no Brasil, como se desconsiderasse, por completo, a epidemia existente nos EUA, por conta desse tipo de medicação, que já matou mais de 100.000 norte-americanos, só em 2021.

Há a situação das casas de apostas virtuais, conhecidas como bets, cuja displicência das autoridades já consolida um problema de saúde mental, no país. Além de gerar repercussões sociais que vão desde o endividamento profundo entre apostadores, especialmente, de baixa renda, até a cooptação de menores de idade para o vício em jogos de azar, ampliando as fronteiras da ludopatia nacional.

Há o terrorismo ambiental instituído pela onda de queimadas criminosas, Brasil afora. Aproveitando-se do conhecimento sobre os efeitos da situação extrema do clima, comumente presente nesse recorte temporal anual, indivíduos vêm promovendo focos de incêndio, os quais rapidamente se alastram e ganham proporções gigantescas.   

Há o recrudescimento das campanhas difamatórias contra o Brasil, no cenário internacional, fomentado, principalmente, pelas atitudes provocativas, insultuosas e de total de desacato às instituições e à legislação brasileira, por um empresário multimilionário, naturalizado norte-americano.

Esses quatro exemplos, então, demonstram bem as intenções da teia internacional de ultradireita. O que querem é tensionar o Brasil em nome dos seus interesses político-econômicos, sob um espectro imperialista internacional.  Ao estabelecer diferentes alvos de injúria, no Brasil, eles querem impedir uma reposta jurídica mais efetiva e contundente, como, por exemplo, a aprovação de uma regulamentação das mídias sociais.

Desse modo, a bandeira da liberdade de expressão hasteada pelos membros e simpatizantes da ultradireita é pura falácia! O grande objetivo dessa teia internacional é retomar seus espaços absolutos de poder, e para tal, eles almejam uma desconstrução do ordenamento jurídico e institucional, para que possam instituir suas próprias bases ideológicas.

O que significa que não estão, minimamente, preocupados em relação ao esgarçamento do tecido social que estão promovendo. Aliás, historicamente a ultradireita se compraz na ideia desagregadora da sociedade, na construção das polarizações, na desunião dos indivíduos.  Como escreveu George Orwell, “A consciência de estar em guerra, e portanto em perigo, faz parecer natural a entrega de todo poder a uma pequena casta”.

Assim, ao incutir o pensamento de liberdade, sob a perspectiva de cada indivíduo, a ultradireita faz emergir uma liberdade totalmente enviesada, desigual. Afinal, não somos cópias idênticas e os pontos de vista sobre uma mesmo assunto, também, não são. Assim, o que é liberdade para um, pode não ser para o outro. De modo que os muros começam a ser erguidos e a sociedade a se fragmentar, como já aconteceu em outros recortes da história.