E o NEGACIONISMO foi negado...
E
o NEGACIONISMO foi negado...
Por
Alessandra Leles Rocha
Como eu já esperava o NEGACIONISMO
foi negado. Não só aquele referente à Ciência; mas, a negação que abarca todos
os campos da vida. E o motivo pelo qual isso aconteceu é simples, negar não
altera o curso da história, não impacta de maneira decisiva as conjunturas que
se organizam a revelia de uns e outros. A interferência humana é tanto relativa
quanto limitada; de modo que “querer nem
sempre é poder”.
De fato a Pós-Modernidade trouxe
essa estranha percepção; mas, que não passa disso. Ninguém pode tudo. Olhar
para o mundo com “lentes cor-de-rosa”
é só uma escolha. Distorcer a realidade ao nosso favor também. Mas, a
complexidade cotidiana estabelece regras que estão além do nosso sistema
opinativo ou decisório. Cada um na sua bolha; mas, todas as bolhas dentro de
uma grande esfera. Os individualismos se vergam diante da força da
coletividade.
Coco Chanel dizia que “a moda sai de moda, o estilo jamais”. Isso
significa que o ser humano, quer queira quer não, está preso a sua essência que
se traduz em uma verdade identitária transcendente a todas as outras que venha
a incorporar. Nesse sentido, é que a Pós-Verdade com suas Fake News, suas difamações
virtuais, suas ofensas malcriadas, sua criatividade psicodélica caminha para o
ostracismo em razão da excessiva vulgaridade de manifestação que tentou
impingir. Teve o seu “big boom”; mas,
como qualquer surpresa perdeu o entusiasmo depois de muitas repetições. O
segredo do mágico ficou “manjado”!
Enquanto isso a vida na sua verdade
nua e crua nunca esteve tão plena; especialmente, após a chegada da Pandemia. O
imponderável não se importou com as nossas NEGAÇÕES. Cumpriu e continua
cumprindo o seu próprio script. Sem
respostas quando surgiu e ainda sem elas. Apesar disso, quantas realidades
paralelas emergiram entre nós! Fomentando negações de todas as ordens, a
humanidade se expôs, travando duelos entre a vida e a morte, como se viver ou
morrer não trouxessem implicações graves e profundas. A permissividade prosperou,
porque o NEGACIONISMO não é empático. Ele nega o outro, então, não se preocupa
com ele.
Aliás, é curiosa a escolha por
negar. Porque a negação não dissolve a existência daquilo que é negado; ela só faz
colocar a margem para que possibilite a construção de um universo à parte capaz
de satisfazer a todo tipo de idealização daquele que nega. Labirintos de mentes
humanas atormentadas com a incapacidade de lidar com a realidade como ela é de
fato. Dificuldades em lidar com os reveses, os obstáculos, as impossibilidades,
enfim... Afinal, viver é como montar um imenso quebra-cabeça sem dispor de um
modelo para orientar. Negar parece, então, o caminho mais fácil.
Pode ser que por algum tempo o jogo
se demonstre favorável; mas,... a vida acontece a cada segundo para nos
desafiar ao ponto de não existir a possibilidade de um NEGACIONISMO absoluto.
Aqui e ali somos obrigados a enfrentar os fatos, a retirar do rosto as tais “lentes cor-de-rosa”. Quando ele é descartado
enquanto possibilidade, quem nega é obrigado a despir-se da vaidade prepotente
de quem pensa ter o mundo nas próprias mãos. Porque a negação pode ser uma
forma de resistência; mas, sobretudo, de acreditar que se tem algum poder. E
como é vasto o espectro de fatos e acontecimentos a ter que admitir!
Assim, um importante passo foi dado. O NEGACIONISMO foi negado. A humanidade parece começar a recobrar os sentidos sobre si mesma e sobre o mundo. A narrativa desconecta se autodestruiu. O discurso sombrio silenciou-se em virtude de tantos tropeços equivocados. A Verdade renasceu entre as cinzas da Pós-Verdade. Talvez, quem sabe, um sopro vindo da Lua: “um pequeno passo para o homem, mas um grande salto para a humanidade” (Neil Armstrong, 20/07/1969, Missão Apolo 11).