Erro de cálculo? Será mesmo?


Erro de cálculo? Será mesmo?




Por Alessandra Leles Rocha




Uma coisa é fato, para muitos a lógica se afastou de vez. A Pandemia que deveria ter obtido a atenção necessária para conter os avanços dos desdobramentos vem sendo negligenciada com todos os requintes de morbidez e crueldade possíveis. Talvez, o Brasil não tenha uma segunda onda viral porque, simplesmente, transformou a sua primeira onda em um tsunami sem precedentes.
Um problema dessa magnitude jamais poderia ser tratado com tamanho descaso e ausência de objetividade técnica e científica. Para situações assim, há poucas escolhas e caminhos a serem definidos; pois, o tempo e a gravidade urgem por uma precisão na tomada de decisões. O despreparo natural; embora, inevitável, não pode ser colocado na posição de pretexto ou desculpa, a fim de abrir espaços para achismos ou tolices infundadas.
Em meio ao esfacelamento social que se processa não há como estabelecer agora as diretrizes do pós-caos. Entretanto, isso não significa promover o caos dentro do caos para dar uma satisfação a quem quer que seja. A instabilidade não resolve. Não responde. Não soluciona nem acena com solução alguma. Ela apenas se desdobra dentro e fora de cada um.
De modo que nem se resolvem as questões sanitárias e nem, tampouco, as econômicas. A atmosfera instável que se cria em torno da sociedade faz tudo caminhar em círculos contínuos e repetitivos sem a possibilidade de deslocamento. A ausência de um protagonismo de liderança positiva e ativa vai reafirmando a estagnação e dificultando eventuais projeções de reconstrução futura.
Olha que o mundo já viu diversos recomeços entre escombros! Só de guerras mundiais foram duas. Mas, a diferença é que o bom senso venceu a loucura e o desatino. Havia quem soubesse da necessidade de pegar as rédeas da situação pelas mãos, de transmitir a coragem e a esperança necessárias para se arregaçar as mangas e trabalhar incessantemente para colocar os países e as nações de pé.
Mas, por aqui só há escombros sobre escombros. Dias amanhecem e terminam sob o efeito explosivo de discursos altamente caóticos. O imponderável se redimensiona diariamente pelos fatores agregantes que potencializam a sua capacidade destrutiva. Não há boas novas. Não há curva em declínio.  Não há o que comemorar. Enquanto isso, o COVID-19 mata pessoas, a sua aura caótica mata perspectivas, esperanças e sonhos.
Sitiado pelo caos, o país se enovela em uma teia de isolamento do mundo. Interrompe o fluxo de ideias que emergem no cenário internacional para buscar soluções durante a Pandemia e pós; como se essa fosse uma crise local, particular. Um péssimo momento para arroubos delirantes contrários à globalização, dada à fragilidade socioeconômica acentuada pela conjuntura atual. O que só faz aprofundar o grau de dramaticidade frente ao futuro.
Infelizmente, tal realidade não é mera semelhança a outras, as quais foram tão criticadas pelo Brasil. Pois é, o mundo da voltas! Quando menos se espera, os erros alheios podem se tornar os nossos próprios. Porque as críticas só fazem sentido se há a possibilidade e a competência para fazer diferente, para fazer melhor. Caso contrário...
Ao afastar-se da lógica o ser humano reafirma, de certo modo, que “viver num mundo sem tomar consciência do significado do mundo é como vagar por uma imensa biblioteca sem tocar os livros” (Dan Brown – O Símbolo Perdido). Essa abdicação do pensamento e da razão tem um preço alto. A escolha é sua; então, não considere como um simples erro de cálculo. No fundo, você sabe que a continuar trilhando por esse caminho, mais cedo ou mais tarde estará diante da penúria e da destruição. Então...

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