Educação que inspira que motiva que multiplica...
Educação
que inspira que motiva que multiplica...
Por
Alessandra Leles Rocha
Para discutir
qualquer coisa nessa vida é preciso conhecimento, caso contrário acaba-se
falando com o vento. Mas, também, uma
dose generosa de bom senso e de boa vontade. Ontem, foi noite do Prêmio Educador nota 10 1 e não só pelos trabalhos espetaculares
que concorreram; mas, as reflexões que ele oportuniza a todos nós são muito
significativas. Sobretudo, quando paramos por um instante e percebemos a
Educação brasileira se desviando por tantos descaminhos.
É lógico que em um
mundo no qual o dinheiro comanda torna-se difícil pensar a Educação
desvinculada de recursos. Precisamos dele para fazer as engrenagens logísticas do
sistema educacional funcionar, sim. Mais instituições de ensino, mais
bibliotecas, mais laboratórios, mais quadras de esporte, melhor infraestrutura
para alunos e professores, melhor merenda, melhor capacitação docente, melhores
salários para os profissionais envolvidos...
Mas tudo isso é matéria
inerte se não houver almas que pulsam pela Educação. Gente que, de fato,
entende do riscado. Que mesmo “fazendo dos limões limonadas”, têm construído
exemplos de sucesso para o ensino-aprendizado brasileiro. Ressignificando os seus
anos de estudo nas universidades do país por meio de projetos simples, mas
extremamente inovadores; o que inevitavelmente rompe com as cadeias de
desinteresse e desmotivação discente tão presentes nas instituições de ensino
brasileiras.
Esses professores
não são mágicos, ou super-heróis e nem, tampouco, animadores de festa. Longe disso!
É, simplesmente, gente que gosta de
gente. Gente que enxerga o outro se preocupa com o outro quer o melhor para o
outro. Aí coloca as caraminholas para pensar, ter ideias, transformar. Se for
para chama-los de alguma coisa, que seja de Alquimistas; verdadeiros Alquimistas
do conhecimento.
Seu entusiasmo é
tanto que transcende e contagia quem está por perto. Palavras e ações que têm
um efeito multiplicador parecido com rastilho de pólvora; de repente e foi. A sala
de aula fica pequena para a dimensão de um mundo que se descortina e revela
todas as suas potencialidades, habilidades, competências, sonhos... Ali se faz
conta. Ali se escreve. Ali se conta histórias. Ali se faz ciência. Ali se faz
de um tudo, porque educação não é via de mão única; então, ali se ensina, se
aprende, se constrói um saber que faz sentido, que se pode levar para a vida
inteira.
O céu é o limite
para essa Educação. Quando a gente olha para um bebezinho é impossível precisar
os caminhos do seu futuro. Agora, se ele chegar a uma escola assim, com essa
concepção de ensino-aprendizagem, aí que a resposta ficará em aberto mesmo. Serão
tantas possibilidades a flertar com seus olhinhos curiosos que não será
surpresa se dali saírem grandes nomes das mais diversas áreas de atuação
profissional.
O bacana disso tudo
é que, apesar de todos os pesares, de tanta gente boa ter largado a profissão
docente, ainda existem muitos professores e escolas nota 10 espalhados pelo
país. E não pensem que isso é privilégio apenas da rede privada; pois, a rede
pública é notável também. Aqui e ali emergem projetos emblemáticos, que fazem
das instituições de ensino celeiros de aprendizado e de cidadania, ou seja, capazes
de ofertar uma mão-de-obra futura realmente qualificada e preparada.
O Educador e Psicanalista Rubem Alves dizia “ensinar é
um exercício de imortalidade. De alguma forma continuamos a viver naqueles
cujos olhos aprenderam a ver o mundo pela magia da nossa palavra. O professor,
assim, não morre jamais...”; mas, de tanto nos acostumar com as coisas
ruins da vida, cultivamos o pensamento de que o mal é sempre superior, sempre
maior numericamente, do que o bem. Talvez, porque ele faça mais alarde, se
autopromova com mais veemência. Mas, quando prestamos atenção aos bons exemplos
da Educação brasileira percebemos o equívoco. É que no afã de fazer mais, de
fazer bem feito, de fazer cada vez melhor, o tempo dispensado não deixa sobras
para se concentrar em propagandas e publicidades narcisistas.
Então, cabe a quem
compartilha dessas rotinas incríveis de transformação socioeducacional aspergir
sobre o mundo os resultados de sucesso, para que o efeito inspirador,
motivador, multiplicador seja levado adiante. Como disse o Filósofo e Educador
brasileiro, Mário Sérgio Cortella, “Há um
ditado chinês que diz que, se dois homens vêm andando por uma estrada, cada um
carregando um pão, ao se encontrarem, eles trocam os pães; cada um vai embora
com um. Porém, se dois homens vêm andando por uma estrada, cada um carregando
uma ideia, ao se encontrarem, trocam as ideias; cada um vai embora com duas. Quem
sabe, é esse mesmo sentido do nosso fazer: repartir ideias, para todos terem
pão...”.