"Há três espécies de cérebros: uns entendem por si próprios; os outros discernem o que os primeiros entendem; e os terceiros não entendem nem por si próprios nem pelos outros; os primeiros são excelentíssimos; os segundos excelentes; e os terceiros totalmente inúteis". Nicolau Maquiavel


Disse me disse...



Por Alessandra Leles Rocha



Houve um tempo em que fofocas e maledicências era fruto de pessoas desocupadas e insatisfeitas com a própria vida. Mas, hoje, em plena era das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) percebo que, na verdade, elas sempre foram um traço nocivo do comportamento humano; mas, que agora ganhou asas para voar livre à velocidade da luz.
Quase sempre fofocas e maledicências nascem de notícias falsas, palavras mal compreendidas, interpretações distorcidas, ofensas gratuitas; mas, que por força da propagação em massa tendem a transparecer um mínimo de verdade oculto, quando de fato não há. No fundo as pessoas sabem; mas, o que as move nesse processo é o gozo da adrenalina, do mal feito, do inesperado que pode fluir.    
Quais os benefícios de tal comportamento? Nenhum. Prejuízos? Milhares. Nada na vida transcorre em linha reta. Há sempre desvios aqui e ali que promovem desdobramentos dos desdobramentos dos desdobramentos... Então, o que parece coisa de criança de repente ganha um status maior de tremenda confusão. E quem pensava sair ileso pode acabar em “palpos de aranha”.
Ora, mas até parece que os tempos estão plácidos demais! Que é necessário criar fantasias para sair da zona de conforto. Será que ninguém mais presta atenção as notícias?! Dentro e fora do nosso quadrado a vida se equilibra em uma corda bamba nas alturas. E todos os dias o pacote de maus anúncios supera em muito os bons.
Problemas variados pipocam ininterruptamente. Quando não é aqui, é ali é acolá. Mas, no fundo, as repercussões respingam coletivamente; já que, o globo terrestre há muito assumiu sua verdade globalizada. Olhar-se no espelho não basta. É preciso olhar, também, pela janela. Observação atenta e contínua para que nenhum detalhe passe despercebido e nos faça cometer gafes e equívocos desnecessários, por conta de um piscar de olhos fora de hora.
E por mais que uns e outros pensem que não tem nada com isso, tem sim. Todos têm. Afinal, isso é o que se chama cuidar da vida. Todos os dias são dias para se preparar para os desafios, assumir as responsabilidades, garantir os direitos,... “mexer o doce”, como se diz por aí. De modo que, 24 horas se esvaem como fumaça, deixando uma sensação de insuficiência que frustra tais demandas. Então, como é que ainda se encontra tempo para os “mexericos da Candinha” 1?!
Dizia José Saramago, “todos sabemos que cada dia que nasce é o primeiro para uns e será o último para outros e que, para a maioria, é só um dia mais”. Enquanto se exibem vaidosos, narcísicos, na demonstração da sua pequenez humana, o tempo urge. E a vida foi feita para ser bem mais que fofocas e maledicências. Há sempre algo de bom, de proveitoso, de importante, a ser colocado em prática. Há sempre oportunidade de levar boas ideias, boas palavras, bons projetos, onde a carência de oportunidade e de esperança teima em prosperar.
Por isso, sempre que eu reflito sobre essas questões me recordo de duas citações brilhantes, as quais eu deixo aqui como mensagem final para vocês. Uma é de Nicolau Maquiavel, em sua obra O Príncipe, que diz “Eu creio que um dos princípios essenciais da sabedoria é o de se abster das ameaças verbais ou insultos”. A segunda é do Professor e Historiador Leandro Karnal, “Pessoas elevadas falam de ideais; pessoas medianas falam de fatos; pessoas vulgares falam de pessoas”.


1 MEXERICO DA CANDINHA (Roberto Carlos) -  https://www.youtube.com/watch?v=wLfjXeJBMxg