Previsões do tempo, do espaço,... da Natureza
Previsões
do tempo, do espaço,... da Natureza
Por
Alessandra Leles Rocha
Imagino que já
devam ter ouvido a expressão CHUVA ÁCIDA pronunciada pelos veículos de
comunicação. Representante dos efeitos nocivos oriundos da Revolução
Industrial, esse é um fenômeno causado pela junção entre os poluentes presentes
na atmosfera (principalmente ácido sulfúrico, ácido nítrico e ácido nitroso) e
a água das chuvas.
O resultado dessa
combinação pode produzir efeitos tais como a acidificação do solo, a
contaminação dos lençóis freáticos com perda da biodiversidade aquática,
empobrecimento da cobertura vegetal (podendo, inclusive, torná-la mais susceptível
à ocorrência de pragas e doenças), a manifestação de patologias respiratórias
em seres humanos por conta do acúmulo de dióxido de enxofre no organismo e
corrosão e destruição de monumentos e obras públicas.
E sem dar muita
atenção a essa questão, de repente o Brasil foi surpreendido por algo ainda
mais impactante. Na última segunda-feira, 19/08/2019, a escuridão tomou os céus
de São Paulo por volta das 15 horas e a água que verteu sobre a cidade era de
coloração enegrecida. A possível presença de partículas de queimadas (inclusive
provenientes da região Amazônica) associada a uma frente fria que trouxe chuva
à cidade de São Paulo desencadeou o fenômeno, que agora está sendo estudado
cientificamente por várias instituições de pesquisa.
Que coisa! Escuridão
para clarear a consciência! Apesar de todos os pesares, tal acontecimento foi
extremamente positivo, na medida em que descortinou o véu de alienação e
preguiça que teima em tornar o cidadão inerte diante da vida, possibilitando-o enxergar
a dinâmica ambiental com todas as suas conexões e desdobramentos.
De olhos fixos no
aqui e agora do nosso mundinho, teimamos insistentemente em não entender que
direta ou indiretamente estamos ligados por mecanismos biológicos fundamentais.
Mas, a verdade é que não importa se o sudeste brasileiro parece geograficamente
distante da Amazônia ou da Região Norte, como queiram; além dos nossos olhos ou
da nossa percepção vulgar há outro fenômeno conhecido como “Rios Voadores” que nos
conecta.
“Os rios voadores são ‘cursos de água
atmosféricos’, formados por massas de ar carregadas de vapor de água, muitas
vezes acompanhados por nuvens, e são propelidos pelos ventos. Essas correntes
de ar invisíveis passam em cima das nossas cabeças carregando umidade da Bacia
Amazônica para o Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Brasil. Essa umidade, nas
condições meteorológicas propícias como uma frente fria vinda do sul, por
exemplo, se transforma em chuva. É essa ação de transporte de enormes
quantidades de vapor de água pelas correntes aéreas que recebe o nome de rios
voadores” 1.
Por isso, o que
pode contaminar esses rios voadores chega a lugares distantes com tanta
facilidade. De repente, a Amazônia é logo ali. Quando o assunto envolve a dinâmica
ambiental, as distâncias, os espaços, tudo se relativiza.
Como bem expresso
na fábula A Ratoeira, de Esopo, “na próxima vez que você ouvir dizer que
alguém está diante de um problema e acreditar que o problema não lhe diz
respeito, lembre-se que quando há uma ratoeira na casa, toda fazenda corre
risco. O problema de um é um problema de todos” 2.
No fundo somos
todos corresponsáveis pelo o que acontece de bom e de ruim ao nosso redor. No entanto,
os impactos negativos podem ser sentidos de um modo o qual, talvez, não seja possível voltar atrás. Se a destruição da Amazônia ou de qualquer outro bioma brasileiro
não lhe causa desconforto nem indignação, quem sabe pensar sobre o mar de lixo
e resíduos plásticos que se arrasta pelas correntes marítimas ao redor do globo
terrestre, hein?! É; as águas do planeta azul estão, lamentavelmente, “porcas”
e você nem se deu conta disso ainda!
Na verdade, estamos
chafurdando na lama, como porcos, e nem percebemos. Sim; admita o seu êxtase incontrolável
diante da sua capacidade compulsiva de consumo, que descarta sem fim os restos
sobre o meio ambiente... Admita a sua negligência em relação ao uso consciente
da energia... Admita o seu desperdício de alimentos... Admita.
O fato de você poder
pagar ou comprar por esse ou aquele produto ou serviço não significa nada. Na década
de 70, por exemplo, o homem tomou consciência de que o petróleo era finito. Depois
foi em relação à água potável. Até que alguns entenderam que o meio ambiente e muitos
de seus recursos naturais são finitos.
Portanto, uma
natureza dilapidada pode deixa-lo com muito dinheiro nas mãos e nos bolsos;
mas, sem nada para adquirir. O que hoje você enxerga como commodity antes do que imagina pode se transformar na sua fome, na
sua doença, na sua penúria,... se a vida não for vivida com equilíbrio e
responsabilidade. Sustentabilidade 3 é uma questão de ponto de vista, de
escolha; então...