Reflexões de Domingo...


Vivendo e aprendendo...




Por Alessandra Leles Rocha




O grande barato da existência humana é mesmo a lição do imprevisível. A cada volta que o mundo dá quanta coisa se aprende. Basta um pouquinho de atenção para se perceber o quão impossível é dissociar a vida da aprendizagem. Aprender faz parte do dia a dia. Um bocado de disposição para o novo e... pronto. Mais um ensinamento agregado. E quando nos damos conta estamos léguas a frente do que já fomos minutos atrás.
Esse entendimento é importantíssimo porque desconstrói o peso que tantas vezes se atribui à escola; sendo que, na verdade, o processo é o mesmo do cotidiano. Talvez, a forma de encararmos a educação formalizada, escolar, é que transforma a naturalidade em algo complexo. No entanto, aonde existe gente há aprendizado, o qual necessariamente se equilibra entre coisas boas e nem tão boas assim. E é desse equilíbrio que se extrai a sabedoria de conviver com os movimentos, as alternâncias, os ciclos.
Independentemente da nossa essência curiosa, desbravadora, inquieta, a vida nos coloca nesse ritmo frenético de adaptação ao novo. Sim, porque só se adapta quem aprende. Então, se você puser a cabeça no travesseiro, ou na almofada do sofá, e começar a puxar pela memória os últimos acontecimentos vai descobrir que, sem esforço algum da sua parte, como mero coadjuvante da história, uma gama de aprendizagem foi desenvolvida e o lastro do seu conhecimento ampliado.
Mas, quando se decide dar um empurrãozinho ao processo, a coisa fica mais interessante. Mesmo que você nunca tenha ouvido a célebre frase do filósofo grego Sócrates, “Só sei que nada sei”; abrir a mente e a alma para aprender é, sem dúvida alguma, uma manifestação plena de consciência sobre a nossa incompletude. Nossa existência no mundo é, de fato, um verdadeiro canteiro de obras interminável. E ser incompleto não é ruim; pois, a incompletude nos move em direção ao significado que queremos dar a nossa passagem por esse planeta.
Não é à toa, por exemplo, que biologicamente cumprimos um ciclo vital e ao longo deste não somos os mesmos do início ao fim. Tudo. Exatamente tudo o que nos propomos a realizar vai ter variações, diferenças, modificações, enfim... Porque, por mais que o nosso consciente teime em nos fixar nas chamadas “zonas de conforto”, em algum momento é inevitável transgredir, ousar, desafiar as regras do jogo, impulsionados pelo inconsciente.
E falar sobre isso é bom porque promove um resgate da nossa humanidade. A simbiose com a tecnologia nos tem feito acreditar cada vez mais que não precisamos aprender, porque tudo está ao alcance das mãos, como se pudéssemos frear a capacidade genuína de aprendizagem humana pela simples transferência desta para a máquina.
Ora, mas a inteligência artificial não é fruto da inteligência humana?! Displicentes ou não quanto ao processo de aprendizagem dos seres humanos, a verdade é que veio dele a construção de todo o arcabouço de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC). Nossos grandes feitos tecnológicos são nutridos e, constantemente alimentados, pelo nosso conhecimento. Veja o seu aparelho celular, por exemplo, a sua agenda de telefones foi você quem armazenou os dados; caso contrário, aquele espaço de memória estaria vazio.
A dimensão por detrás da relação entre a vida e a aprendizagem é mesmo incalculável. Daí a importância de parar e refletir o modo como temos conduzido a nossa participação nesse processo. Isso inclui o nosso letramento em relação a nossa alfabetização, por exemplo. O que fazemos com o nosso aprendizado, especialmente na formulação do nosso conhecimento, é fundamental para o nosso desenvolvimento humano, para o nosso bom uso e ocupação do espaço, para cada gota de significância da vida.
Em um mundo tão populoso, em que as fronteiras da concorrência se ampliam a cada suspiro, as palavras de Coco Chanel fazem, nesse caso, todo sentido: “Para ser insubstituível, você precisa ser diferente”. Afinal de contas, o que mais nos tornaria diferentes do que a nossa busca pelo aprendizado, pelo conhecimento, hein?! É... Talvez seja hora de sorver cada gota da vida com mais vontade.

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