Um pouco de RESPEITO...


Um pouco de RESPEITO...




Por Alessandra Leles Rocha





Antes mesmo que o COVID-19 exibisse seu poder de destruição creio que o mundo já andava bastante contaminado pelo vírus do desrespeito. Então, agora, com a situação pra lá de complicada, a coexistência entre os dois abriu espaço para um nível de tensão extremamente desnecessário e antiproducente, que se não for contido poderá ser ainda mais fatal.
A razão de muitos ainda resistirem em compreender que a sociedade está subjugada a um elemento maior que é a Pandemia tem comprometido, e muito, a manutenção do RESPEITO. RESPEITAR a si. RESPEITAR ao outro. RESPEITAR as normas e as leis. RESPEITAR a Ciência. RESPEITAR... em todas as suas formas e dimensões.  
Paira a impressão de que ao se RESPEITAR estivéssemos comprometendo o exercício da liberdade. Curioso, visto que essa não é tão ampla e irrestrita como desejariam uns e outros. A começar pelo fato de que para ser livre há de se ter responsabilidades e reconhecer que na vida há uma infinidade de limites. Portanto, liberdade e RESPEITO não são princípios excludentes, mas complementares.   
Assim, mediante tantas impossibilidades impostas pela vida e, especialmente, pela atual conjuntura pandêmica, pensar sobre o RESPEITO é sempre fundamental. Seja porque muitos estão em isolamento social. Seja porque outros não estão.  Seja porque a Pós-modernidade em si sacrifica demasiadamente o bom ânimo de quaisquer pessoas. ...Afinal, o RESPEITO emerge a partir do bom senso e da boa educação pautados nas relações sociais, a fim de manter a convivência e a coexistência harmônica e pacífica, por meio da mitigação dos eventuais desgastes oriundos de todo o processo existencial humano.
Cada indivíduo tem lidado de maneira particular com as circunstâncias vigentes, segundo seus próprios valores, princípios e características comportamentais. No entanto, fazer da individualidade um mecanismo de acirramento do individualismo, traduzido na versão mais vulgar do desrespeito, extrapola quaisquer precedentes de direito, inclusive a liberdade.
O nosso conhecimento do mundo é limitado, não nos conhecemos todos reciprocamente. Daí, o RESPEITO ser fundamental. Ruídos demasiados. Algazarras. Confusões. Discussões vazias. Perturbações de toda ordem e natureza não são bem vindas. E nem adianta usar o pretexto de cuidar da saúde do corpo, da alma e da mente, para fazer isso ou aquilo, porque ninguém precisa extrapolar.
No momento, estamos isolados por motivo de força maior; mas, não somos ilhas isoladas. Os nossos excessos impreterivelmente repercutem ao nosso redor e podem sim, causar muita angústia, irritação, desconforto, sofrimento e inquietação aos outros. Não dá para medir o mundo a partir da própria régua, do próprio egocentrismo.
Há milhares de pessoas doentes e em recuperação, precisando de paz, de tranquilidade, para se restabelecerem. Há pessoas autistas, precisando que suas rotinas não sejam tão duramente impactadas pela situação, especialmente pela agitação ambiente. Há pessoas de luto, precisando de tempo para ressignificar a sua dor, a sua tristeza, a sua perda. Há pessoas com medo desse desconhecido viral. Há pessoas preocupadas com o futuro e seus desdobramentos socioeconômicos. Há pessoas... muitas, milhões, que certamente nem eu e nem você conhecemos, mas fazem parte do mundo como nós.
Daí, RESPEITAR. Com reciprocidade. Com afetividade. Com sabedoria. Com discernimento. Quando você olha para si mesmo, você é menos. Quando você se projeta no mundo, você é sempre mais. Mais humano. Mais forte. Mais inteligente. Mais criativo. Mais em tudo o que há de belo, puro e verdadeiramente sagrado. Porque o RESPEITO se congrega na empatia e promove um fluxo recíproco de energia e pensamento, altamente produtivo, capaz de viabilizar com mais rapidez o desenvolvimento em todo o seu pluralismo.    

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