Crônica do fim de semana!!!
FELICIDADE...
Por
Alessandra Leles Rocha
Para muitos a temática será
considerada piegas; mas, não importa. Apesar de todas as evoluções, revoluções,
pelas quais o mundo foi passando há elementos na vida que são fundamentais,
vitais, para a nossa sanidade física e mental. E diante de tantos desalinhos,
descaminhos, rodopios, por que não ceder a um pouco de pieguice, não é mesmo?
Sendo assim, vamos falar e pensar
sobre a FELICIDADE. Nada de conceitos, definições ou afins. Cada um entende,
manifesta, recebe, constrói a felicidade do seu próprio jeito. Afinal, como
disse a escritora Martha Medeiros, “faça
o que for necessário para ser feliz. Mas não se esqueça de que a felicidade é
um sentimento simples, você pode encontrá-la e deixá-la ir embora por não
perceber sua simplicidade”.
Sim, é verdade. Desde que o
sujeito abre os olhos nesse mundo de meu Deus, ser feliz é uma busca que parece
inerente ao estado vital; felicidade parece algo simples como ar nos pulmões. De
um jeito ou de outro todo mundo quer ser feliz. Muito. Pouco. Sempre. Estampar esse
sinal de leveza e plenitude sem nenhuma ruga de preocupação na testa, só um
sorriso largo e vibrante na boca, talvez seja mesmo a maior ambição não
financeira do ser humano.
Especialmente quando se conhece o
lado negro da força nos rompantes do dia a dia, a busca por esse estado de alma
flui inerente a qualquer esforço; quase, como se ouvíssemos de fundo “eu quero uma casa no campo / Onde eu possa
compor muitos rocks rurais / E tenha somente a certeza / Dos amigos do peito e
nada mais...” 1 para nos guiar a outra
dimensão, distante anos luz daquela treva pesada e angustiante.
No entanto, o turbilhão da vida decidiu
fazer frente a tal busca e parece nos afastar lenta e gradualmente da esperança
ou da expectativa da felicidade; na medida em que as rupturas e metamorfoses de
nossos valores e princípios nos fizeram desaprender a diagnosticar os caminhos
que nos conduzem a ela. Passamos a enxergar felicidade bem longe de onde ela
realmente se encontra e, a creditar bem menos importância a sua existência do
que deveríamos; de modo que uma atmosfera de infelicidade tomou de assalto à
humanidade.
A infelicidade nos trouxe o
fastio, a insatisfação, tornando quaisquer lampejos de felicidade ineficazes e
insuficientes para nos preencher a alma. Estamos cada vez mais distantes das
palavras de Carlos Drummond de Andrade, ou seja, “ser feliz sem motivo é a mais autêntica forma de felicidade”. Pois
é, nos rendemos ao TER ao invés do SER...
E diante dos desdobramentos
nefastos que esse processo corrosivo tem impactado os seres humanos foi que, em
2012, a Organização das Nações Unidas (ONU) decidiu em Assembleia proclamar o
dia 20 de março como Dia Internacional da Felicidade. Com base na experiência
do Butão, país localizado no sul da Ásia, que desde 1972 ao invés do PIB
(Produto Interno Bruto) analisa a “Felicidade Nacional Bruta” 2. Isso significa um olhar além do
crescimento econômico, contemplando aspectos psicológicos, culturais,
ambientais e espirituais; afinal, não existe estado, país, governo, empresas,
comércio,... sem que exista o ser humano.
Quando esse perde o seu
protagonismo social, a sua importância na análise da vida, a felicidade
desaparece. As mazelas, os sofrimentos, as desigualdades, as negligências,... expõem
a felicidade individual e coletiva a um risco iminente. Você pode até pensar
que a sua felicidade é o bastante; mas, não é. Aliás, é preciso inclusive
refletir sobre a sua percepção sobre a felicidade.
Não nos esqueçamos de que o ser
humano é um bárbaro por excelência, sua natureza foi apenas moldada pelo tempo
e pelos códigos, leis e doutrinas sociais. Segundo Martin Luther King, “a verdadeira medida de um homem não se vê
na forma como se comporta em momentos de conforto e conveniência, mas em como
se mantém em tempos de controvérsia e desafio”. Portanto, a felicidade
alheia pode ser sim, um estopim poderoso para deflagrar todo tipo de violência por
parte de alguém infeliz.
Por isso, enquanto a humanidade se
dispõe a viver segregada por muros de ódio, ilhas de intolerância, polos de discriminação
e violências diversas, permitindo que a desigualdade finque sua bandeira sobre
a Terra, mais distantes da felicidade ou de suas míseras gotículas aspergidas
sobre nós estaremos.
Sem felicidade, então, o quê
resta? Talvez, nada. Talvez, muita coisa ruim. Não sei. O importante é que essa
resposta, seja ela qual for, consiga nos conduzir a uma reflexão além da própria
felicidade... uma reflexão sobre nós, sobre o mundo, sobre o que estamos fazendo
com o instante da vida que temos nas mãos.