Reflexões de domingo...
Tempo
de se posicionar
Por
Alessandra Leles Rocha
Dois mil e dezenove
chegou nos mostrando fria e duramente as consequências de se abster das
responsabilidades e transformar os erros oriundos disso, em fatos triviais do
cotidiano. O chamado “não ler o rodapé do contrato” foi é e sempre será um
perigo iminente.
Em pleno século
XXI, poucos são os que podem realmente se beneficiar da ignorância para se
eximirem das responsabilidades da vida. Em tempos da tecnologia da informação,
a humanidade estabelece cada vez mais o encurtamento das distâncias e das
eventuais impossibilidades ao acesso de informações. Sem contar, que muito do
que é necessário a se fazer não depende fundamentalmente disso; mas, de uma
simples dose de bom senso e espírito coletivo.
A negligência, a displicência,
o chamado “empurrar com a barriga” são subterfúgios para postergar. Em geral, a
vida tem transitado em um nível de superficialidade assustadora; como se nos ativéssemos
às manchetes, mas não aos textos. A grande questão é que quando você utiliza
esses artifícios você caminha rumo a ter que reescrever as ações inúmeras vezes;
erros implicam em correções. Fazer o que é certo desde o início evita
aborrecimentos, contratempos e desgastes de todo tipo.
Percebo cada vez
mais nítido nas pessoas um distanciamento do planejar; e viver é a arte de se planejar.
Ao contrário do que a grande maioria pensa, planejamentos não engessam a vida e
nem tampouco o ser humano. O estabelecimento de metas e ações, além de garantir
maiores chances de sucesso, economiza tempo, dinheiro e esforços. É saber
exatamente aonde se quer chegar e estabelecer os caminhos para isso.
No entanto,
mergulhadas em um turbilhão, as vidas de milhões de seres humanos vêm se
desenvolvendo atabalhoadamente. Contextualizados por uma pressa que habita
dentro e fora de seus corpos, as pessoas passaram a acreditar que não podem
dispensar tempo para pensar, refletir e fazer o que é verdadeiramente
necessário. Poucos são os que sabem eleger, de fato, as suas prioridades no
dia, no mês, na semana, no ano.
O ser humano vem
perdendo a percepção do que realmente importa naquele dado momento. E se você não
sabe, consequentemente, as verdadeiras prioridades passam a ser negligenciadas
e postergadas até que algo muito sério aconteça e te faça parar. Afinal de
contas, a vida é cheia de bônus e de ônus, os quais se equilibram de acordo com
nossas atitudes e comportamentos.
O fato de vivermos
tempos velozes não nos isenta de todas as nossas responsabilidades. Eu falei
sobre o planejar; mas, antes dele estão as nossas escolhas diárias. É sobre
elas que os nossos planejamentos acontecem. São nossas escolhas os indicadores tanto das nossas prioridades quanto futilidades. Mas, precisamos ter em mente o que
cada uma dessas palavras significa, para não ficarmos o tempo todo “trocando o
pneu do carro com ele em andamento”. Sempre digo isso, porque essa expressão
reflete bem o comportamento da sociedade pós-moderna.
Então, como dizia Mahatma Gandhi, “seja você a mudança que você quer no mundo”. Chegamos a um
ponto da história em que precisamos nos posicionar consciente e
responsavelmente. O preço da imprevidência tem custado caro ao nosso bolso e a
nossa vida.
Enquanto fazemos “cara
de paisagem” para manter as boas relações sociais, nos consumimos e adoecemos na
tentativa de nos manter nessa zona de conforto às avessas; o que significa que estamos
apenas contribuindo para postergar o essencial uma vez mais.
Por isso, quando
você sabe quais são as suas prioridades e o outro não, se posicione. Não tente
se moldar ou adaptar ao outro só para evitar conflitos e discussões. Busque
estar o mais próximo possível daquilo que está afinado com você; sobretudo, no
que diz respeito ao senso de responsabilidade, de profissionalismo, de
cidadania.
Se cada um
despertar a sua consciência nesse caminho, em breve não teremos mais tantos
erros a corrigir, tantas más notícias a nos impactar, tantas catástrofes a
compartilhar, tantas desculpas a ofertar.